quarta-feira, 20 de março de 2013

Para meditar

Significado especial da música



O filósofo e linguista suíço Ferdinand de Saussure (1857-1913) ainda nos inspira. Sua obra propiciou o desenvolvimento da linguística enquanto ciência autônoma. Para ele, a linguística era um ramo da ciência mais geral dos signos, a semiologia, que não se restringe à análise de textos, pois extrapola o âmbito verbal e pode dedicar-se ao estudo de imagens, por exemplo.

A teorização de Saussure sobre a semiologia passa por suas “dicotomias”, ou seja, distinções entre termos que seriam fundamentais para sua teoria. Entre suas dicotomias, uma das mais importantes é o par significante-significado. Para o autor, o significante é uma “imagem acústica”, enquanto o significado é o conceito relacionado a esta imagem acústica, ou seja, uma ideia que modela um determinado modo de compreender as coisas.

Mas essa relação entre significante e significado também pode ser aplicada à música. Antônio Vicente Pietroforte, no texto A Língua como Objeto da Linguística (2004), escreve o seguinte sobre o tema:

O significante da língua é uma imagem acústica, que, quando se realiza na fala, forma uma substância sonora. Sendo da ordem do som, sua realização acontece no tempo, tomando a forma de uma duração. Contrariamente aos significantes visuais, que se realizam no espaço, os significantes sonoros, como os significantes linguísticos ou musicais, realizam-se no tempo, de modo que dois sons só se realizam em uma sucessão (PIETROFORTE, 2004).

Ou seja, na música, também há significantes e significados. Os sons também significam. Temos, na Bíblia, exemplos claros de que os sons musicais têm significado especial na rede de comunicação entre o homem e Deus. Em 2 Reis 3.15, vemos que Eliseu precisava receber uma mensagem de Deus, mas precisava criar uma atmosfera favorável ao contato divino. Então, pediu que fosse trazido um músico. E aconteceu que, enquanto “o tangedor tocava, a mensagem de Deus achegou a Eliseu”.

O curioso é que, em hebraico, a palavra “tangedor” (nagan) se relaciona com os termos “manhã” (nogah, Daniel 6.19), “luz”, “resplandecer”, “brilhar” (nagah, 2 Samuel 22.29, Jó 18.5, Jó 22.28), “resplendor” (negohah, Isaías 59.9), “aurora” (Provérbios 4.18) e “levar”, “conduzir”, “guiar” (nahag, Gênesis 31.18; Deuteronômio 4.27; 2 Samuel 6.3). Isso porque a o instrumentista (nagan) é capaz de trazer a luz (nogah) divina e o resplendor (negohah) da glória de Deus através das notas musicais tocadas. Assim, se estabelece, através da música, um canal de comunicação espiritual, composto por significantes e significados de natureza sonora, e o Senhor passa a guiar, conduzir e levar (nahag) o homem à compreensão do caminho, da verdade e da vida (João 14.6), pois “Deus habita em meio aos louvores” (Salmos 22.3).

Fonte:www.lagoinha.com

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